A conserveira Pinhais, de Matosinhos, está a comemorar, no mês de outubro, o seu centenário. Foi a 23 de outubro que a empresa iniciou a atividade e hoje, 100 anos depois, mantém o processo artesanal da produção.

“Com mais de 100 colaboradores, a maioria dos quais com dezenas de anos de casa, a Pinhais mantém ainda a grande parte dos fornecedores e clientes há mais de 80 anos”, refere a empresa em comunicado.

João Paulo Teofilo Gerente PinhaisJoão Paulo Teófilo, Gerente da Pinhais

2020, um ano conturbado para muitos, deverá também ser um ano de crescimento do volume de negócios, prevendo-se um crescimento na casa dos 30% e a faturação de cerca de 4,35 milhões de euros.

Cem anos de desafios

A história da Pinhais é uma história de empenho e resiliência, frente a desafios como a Segunda Guerra Mundial e o colapso de grande parte da indústria conserveira portuguesa.

António Pinhal Júnior, filho do fundador, viu-se perante a pressão de se endividar para investir na produção intensiva e responder ao elevado número de encomendas, exatamente no período da II Grande Guerra.

O mesmo aconteceu quando recusou mudar de fornecedor de azeite depois de ser aliciado a optar por matérias-primas de menor qualidade, mas a preços mais acessíveis. Optou por não mudar nada no processo de produção o que foi essencial para a sobrevivência da empresa.

Pinhais no corte da sardinha

Nos últimos 100 anos, a Pinhais sobreviveu às diversas crises, inclusive a que conduziu, em 2016, à sua venda à Glatz, empresa austríaca, que era, na altura o principal cliente da conserveira e que, como única condição, exigiu que o processo produtivo se mantivesse artesanal.

“A produção artesanal tem um papel central na identidade e qualidade das nossas conservas. Trabalhamos com a melhor sardinha e seguimos o mesmo ritual de preparação do pescado há décadas, assumindo o compromisso de manter viva esta arte que também é símbolo de Portugal”, refere António Pinhal que representa a terceira geração da conserveira, fundada em 1920, pelo seu avô.

“Em 100 anos muita coisa mudou no mundo. Na Pinhais só mudou a embalagem. A receita e a qualidade, essas, continuam as mesmas há um século”, referem.

Museu Vivo da Indústria Conserveira

Tendo mantido a localização original, num edifício que mantém a traça arquitetónica e que, em fevereiro, recebeu a classificação de edifício de Interesse Municipal, a conserveira prevê lançar, em 2021, um museu vivo da indústria conserveira, em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos.

O projeto visa contribuir para a sustentabilidade e valorização da indústria conserveira de Matosinhos e proporcionar uma experiência inédita, especialmente pensada para a comunidade local, turistas e clientes.

A 23 de outubro, a Pinhais lançou ainda um livro comemorativo, que conta a história da empresa e da indústria através de imagens e testemunhos de colaboradores, parceiros de negócio e fornecedores.

Peixe e pescadores

Tradição preservada e contribuição para a economia

A Pinhais tem um papel de destaque na economia das comunidades piscatórias e famílias matosinhenses ao longo do último século. A D. Emília da Afurada é a colaboradora mais antiga e trabalha na conserveira há 49 anos. Há ainda colaboradores atuais que frequentaram a creche, que existiu no passado, para os filhos dos colaboradores de então.

Pinhais Nuri

Símbolo da Portugalidade no exterior

A indústria conserveira tem vindo a crescer nos mercados internacionais. Como marca de nicho, a Pinhais alcança mercados premium como Estados Unidos. Áustria, Itália, França, Curaçau, Aruba, Dinamarca e Holanda são os países para os quais a conserveira mais exporta. Atualmente presente em 27 mercados, 95% da produção da Pinhais destinam-se a mercados internacionais. Em Portugal, os produtos estão disponíveis em lojas selecionadas e restaurantes premium.

Recentemente, e com o objetivo de levar as suas conservas à mesa de consumidores no mundo inteiro, a Pinhais lançou a sua loja online que permitiu chegar a mercados tão diversos como o Nepal ou o México, num total de mais de quarenta e oito mercados diferentes.

 

Com Pure