O Lisbon Bar Show reuniu centenas de pessoas, na Sala Tejo do Altice Arena, a 17 e 18 de maio, com um espaço expositivo e um programa de eventos à volta do mundo do Bar.
Foi lá que se realizou a Vintage Cocktail Competition, concurso que elegeu a criação de Gustavo Maya como a melhor do evento.
A concurso apresentaram-se cinco profissionais de bar, convidados pela organização, que fizeram reinterpretações de cocktails clássicos, que foram avaliados por profissionais da área, nomeadamente Jared Brown, um conhecido historiador de cocktails e criador do Gin Sipsmith.
Francisco Guerreiro apresentou um “Rob Roy” com um twist. Robert Roy MacGregor, um fora-da-lei do século XVII, muitas vezes citado como uma espécie de Robin Hood escocês, tornou-se imortal numa opereta da Broadway em 1894. No quarteirão do Herald Square Theatre, na Quinta Avenida onde está hoje o Empire State Building, estava o recém-construído Waldorf-Astoria e dizem os entendidos que é de lá que terá vindo a receita e o cocktail original. Francisco Guerreiro recordou a primeira vez que misturou um Rob Roy, num estabelecimento localizado na Praia da Rocha e explicou a receita que utilizaria. Old Parr, Martini Rosso, Peter Herrin e uma cereja foram os ingredientes de que necessitou.
Fernando Leote, um algarvio que está no Reino Unido desde 2004, participou com uma homenagem aos britânicos, que transportavam o rum nas longas viagens que começaram a fazer das Caraíbas para a Inglaterra em 1862, que não se estragava com a mesma rapidez que a cerveja. Brandymel, Bacardi, sumo de limão, um xarope com especiarias, agave e clara de ovo foram os ingredientes para o cocktail servido num copo com casca de laranja e gengibre, triturados e caramelizados.
De Coimbra, Eduardo Vicente trouxe um “remix” do “White Lady”. Acredita-se ter sido criado pelo barman Harry McElhone enquanto trabalhava no Ciro Club de Londres em 1919. Nessa altura, ele usava partes iguais de Creme de Menta, Triple Sec e sumo de limão. Só quando abriu o seu próprio Harry's New York Bar em Paris, em 1923, adaptou a receita trocando o Creme de Menta por Gin. Eduardo trocou o Triple Sec por outro licor muito apreciado nos países nórdicos.
António Frederico Ribeiro veio de Óbidos e incluiu os produtos locais na ementa. Levou os presentes por uma viagem a Singapura, ao Raffles Hotel, para reinterpretar o “Singapure Sling”, bebida criada em 1915, por Ngiam Tong Boon. É um cocktail à base de gin, com sumo de ananás, sumo de limão, Curaçao e Bénédictine, Grenadine e Licor de Cereja. A ideia era criar uma bebida leve, para que as senhoras bebessem também, algo que não era muito bem-visto à época. António Frederico Ribeiro criou uma versão com sumo de ananás com coentros, sumo de lima, Bénédictine, Grand Marnier, Gin, Ginjinha e Angostura.
De Angola chegou o quinto participante, que se sagrou o vencedor da competição. O “Gin Fizz” foi o clássico que escolheu alterar, recorrendo a um xarope de açúcar tropical da sua autoria, gin, sumo de limão, água gaseificada e clara de ovo. Uma alteração que foi também inspirada nas temperaturas quentes de Angola, onde Gustavo Maya vive e trabalha. Primou também pela apresentação, fazendo-se acompanhar do Shaker que o acompanha há 38 anos e de uma antiga caixa da Companhia Velha.
A competição foi patrocinada pela marca de copos e utensílios Libbey, que premiou o primeiro lugar com uma viagem e estadia em Berlim para ir ao Bar Convent Berlin.