A quarta conferência Portugal Saudável, organizada pela Missão Continente, decorreu ontem, 10 de abril, no Capitólio em Lisboa.

Com vários intervenientes nacionais e internacionais, a conferência colocou à discussão a importância dos mais variados setores quando se trata de chegar a um modo de ação que promova uma alimentação saudável, tendo em conta a sustentabilidade do ambiente e dos negócios.


É importante que todos os agentes reconheçam que as suas ações têm um efeito dominó”, referiu Tiago Simões, diretor de marketing da Missão Continente, no discurso de arranque da conferência.

 

Tiago Simões


 Presente esteve também Guilherme Duarte, adjunto do Secretário de Estado da Saúde. Num discurso institucional, Guilherme Duarte recordou que não é só na Saúde que devem existir políticas promotoras de uma melhor alimentação e sustentabilidade, em toda a cadeia.


Refere que a abordagem deve ser intersectorial já que são muitos os setores envolvidos com a indústria alimentar (produção, embalagem, logística, retalho…para apenas mencionar alguns).


Mencionou ainda que são várias as evidências do excesso de consumo de carnes vermelhas, açúcares e sal, que levam por sua vez a diversos problemas de saúde que poderiam ser evitados com uma alimentação melhor. “A alimentação inadequada é a principal responsável por menos anos de vida”, comenta Guilherme Duarte.

 

Guilherme Duarte


Corinna Hawkes, Diretora do Centre for Food Policy da Universidade de Londres, apresentou o relatório encomendado pela Presidência do Conselho da União Europeia, que explora a forma como os sistemas alimentares podem combinar a saúde e a alimentação saudável com as metas ambientais e económicas, através de uma abordagem integrada que gera benefícios para todos os setores, governos e comunidades.


Diz que é na alimentação que encontramos os problemas e também as soluções, sendo frequentes os conflitos entre três grandes grupos: a saúde, o ambiente e a economia. O desafio é encontrar soluções que permitam uma melhor alimentação, que protejam o ambiente e sejam, simultaneamente, economicamente sustentáveis. 

Corinna Hawkes


Ruth Osborne, veio de Estocolmo, para falar sobre o projeto ReTaste, um restaurante pop-up criado para enfrentar o desperdício. O projeto recupera alimentos de supermercados, já sem valor comercial, para lhes dar uma nova vida e contribuir para a redução do desperdício alimentar.


Aproveita-se tudo, desde as cascas dos vegetais à calda da fruta em conserva, e os alimentos que não podem ser aproveitados na cozinha servem para a compostagem ou para a produção de biogás que alimenta a rede de transportes públicos. “Comi o melhor molho marinara da minha vida, feito com tomates murchos, com alguns pedacinhos já podres, que foram limpos e aproveitados. Como já estavam demasiado maduros tinham nuances de sabor incríveis”, conta.


Recordou ainda que este é o terceiro ano, segundo a FAO, em que aumenta a fome no mundo, ao mesmo tempo em que 1/3 de toda a comida produzida ainda é desperdiçada.