A Ervideira lançou uma nova colheita do “blanc de noir”, que fez chegar ao mercado pela primeira vez em 2009.

De acordo com Duarte Leal da Costa, Diretor Executivo da Ervideira, “o INVISÍVEL é, sem dúvida, dos grandes sucessos da Ervideira. Quando em 2009 lançamos a primeira edição, sabíamos que tínhamos em mãos um produto de enorme qualidade, de elevado requinte, e que os consumidores iriam querer comprar e recomendar a todos os seus contactos. Passadas 12 edições, a certeza mantém-se e se à época apresentámos 9.000 garrafas ao mercado, hoje falamos em 80.000 garrafas, o que mostra o seu crescimento ao longo destas edições e note-se que teríamos mercado para mais. Nestas 12 edições ultrapassamos as 650mil garrafas de INVISÍVEL.”

Este ano a empresa plantou 9 hectares de Aragonez, o que lhe permitirá ter mais 15.000 garrafas na 13ª edição deste vinho. Em Portugal nunca se tinha produzido e certificado um vinho desta natureza. O primeiro desafio passava pela certificação como um vinho tinto (pois era feito a partir de uvas tintas) ou como um branco (pela sua cor). Quando o caso foi apresentado à Comissão Vitivinícola do Alentejo (CVRA), o vinho foi aprovado como DOC, no entanto após a aprovação, como se tratava de uma monocasta, não poderia ser DOC. O vinho foi então novamente para certificação como Vinho Regional Alentejano Branco e foi novamente aprovado.

Depois do processo foi necessário escolher a garrafa e o nome. A dúvida que se colocava era se o vinho manteria a cor incolor ou se esta evoluiria. O produtor optou por escolher uma garrafa escura género Borgonha, escura para o proteger da luz, que se utilizava raras vezes e normalmente era destinado a tintos de grande destaque.

Ainda sem nome, Duarte Leal da Costa recorda o momento inesperado em que se chegou ao INVISÍVEL, “com toda a equipa à mesa a provar o vinho enquanto comíamos um cozido. De repente, num momento de sincera partilha e familiaridade, o nosso colega Pedro Roma exteriorizou: «este vinho é espetacular: ainda que não tenha cor casa bem com os pratos pela imensa força que tem. É um vinho Invisível". Assim que ouvi estas palavras conclui que na verdade o Pedro tinha acabado de dizer o nome do vinho. E assim nasceu o INVISÍVEL”.

Já engarrafado e em paletes, foi no dia 1 de abril de 2009 que a Ervideira lançou a notícia para os amigos e para o mercado, o que causou incredulidade, por ser o Dia das Mentiras. “A verdade é que na Ervideira temos o sentido da inovação e não temos receio de arriscar e desafiar ao máximo. O ano passado tornou-se mais desafiante que nunca, mas conseguimos ultrapassar as dificuldades e sentimo-nos orgulhosos por apresentar agora a 12ª Edição do INVISÍVEL, um vinho que há dois anos chegou ao meio milhão de garrafas e que hoje, seguramente, é um dos nossos maiores sucessos!” diz Duarte Leal da Costa.

A produção está a cargo do Enólogo da Ervideira, Nelson Rolo, que rapidamente abraçou este desafio acabando por escolher a casta Aragonez, graças à sua polpa incolor e aromática. Nesta técnica, a colheita é feita exclusivamente à noite, o que permite uma temperatura mais baixa para não haver nem oxidação nem fermentação. Depois, imediatamente após a vindima, é preciso tirar o primeiro sumo – conhecido por lágrima – inibindo a oxidação e fermentação, sendo que o mosto é separado das peliculas de forma a não obter qualquer cor.

O mosto é transportado em camião frigorífico até à Adega, onde é conduzido por gravidade à câmara de frio, permanecendo a decantar durante 24horas a muito baixas temperaturas. Após este processo, o mosto é inoculado com leveduras selecionadas, decorrendo a fermentação à temperatura controlada de 12ºC, durante 30 a 45 dias. O estágio é feito em cubas de inox durante aproximadamente 6 meses.

Para Nelson Rolo, “importa explicar que de cada quilo de uvas apenas 10 a 15% do seu sumo de lágrima é capaz de produzir este vinho, de caracter único, com notas de chá, frutos secos e de pera, um vinho em tudo diferente de qualquer outro vinho branco.”

Os “blancs de noir”

A História dos “blancs de noir” remonta a vários séculos atrás e tem origem na tentativa de as regiões frias fazerem vinhos tintos com maior concentração de cor. Assim, os produtores de Pinot Noir e Merlot, castas que tradicionalmente dão origem a vinhos com pouca intensidade cromática, separavam o primeiro sumo que não esteve em contacto com a pelicula, de forma a produzir dois vinhos. O primeiro resultado da sangria das uvas, o “blanc de noir”, era um vinho de uma cor cinza a ligeiro rosé, e sobre o qual os produtores não tinham especial atenção. Já o segundo, os produtores faziam deste os seus melhores vinhos, por ter maior concentração e estrutura. Assim os “blancs de noir”, sempre foram os "parentes pobres" da adega.

Ervideira

A Ervideira é uma das empresas vitivinícolas seculares em Portugal, produzindo vinho desde 1880. Atualmente possui um total de 110 hectares de vinha, distribuídos pelas sub-regiões da Vidigueira (60 ha) e Reguengos (50 ha). Entre os seus vinhos, estão marcas como Conde D’Ervideira, Invisível, Vinha D’Ervideira, Terras D’Ervideira e Lusitano.