Carlos Afonso e Sergio Frade

O Frade, em Belém, quer recuperar o espírito das tabernas tipicamente alentejanas, no centro de Lisboa. Para isso, além dos petiscos típicos, serve o seu próprio vinho de talha DOC, produzido na herdade da família em Beja, na Calçada da Ajuda.

A “taberna” contemporânea, apresenta uma cozinha de tacho focada nos sabores alentejanos e vinhos que representam o terroir da família. Criado por dois primos, Sérgio Frade e Carlos Afonso, “O Frade” diferencia-se ao confecionar os pratos de com técnicas modernas, adquiridas por Carlos Afonso no seu percurso em restaurantes de alta-cozinha.

“Tive a oportunidade de trabalhar com grandes chefs, em restaurante de renome nacionais e internacionais, que me deram as ferramentas necessárias para aperfeiçoar os pratos tradicionais que aprendi a cozinhar com a minha mãe. Sinto-me realizado ao interpretá-los à minha maneira” diz o chef Carlos Afonso, que trabalhou com Hans Neuner, no Ocean no Algarve, o chef Alexandre Silva no Marmóris em Vila Viçosa e em Espanha no Azurmendi com o chef Eneko Atxa.

Quanto ao nome, este é uma homenagem ao restaurante “O Frade” de Beja, que pertencia aos seus avós. Fechado há mais de 20 anos, era conhecido pelas suas especialidades e, no final da refeição, pelo tradicional “despique”, uma homenagem ao Cante Alentejano.

Prato do Frade

Enquanto a avó cozinhava, o avô Frade dedicava-se à produção de vinho da talha que os primos servem hoje com muito orgulho. “Estes vinhos, todos exclusivamente de talha, hoje são produzidos pelo meu pai. Eles refletem o nosso terroir, a nossa essência, são algo muito especial para nós, que partilhamos apenas com os nossos clientes”, explica Sérgio Frade, que assume o papel de anfitrião ao balcão.

Os vinhos produzidos pela família – os primeiros produtores de vinho da talha DOC em Portugal -, são um fator distintivo. Produzidos na região de Beja, em três terroirs diferentes (Beja, Vila de Frades e Magancha, perto de Cortes de Cima), os vinhos, dos quais são engarrafadas cerca 15.000 garrafas por ano, são todos de produção biológica.

De regresso à cozinha, o chef adapta a carta de acordo com a oferta da praça. “É importante para nós trabalharmos com os melhores produtos, sazonais e regionais”, explica Carlos Afonso.

O menu muda regularmente, incluindo algumas sugestões criadas no próprio dia. Ovos com túbaras, muxama de atum, papada à Alentejana e o faisão de escabeche são alguns dos petiscos em destaque. Quanto aos pratos principais, que também vão variando, o arroz de pato é a especialidade que está a ajudar a criar a reputação da casa.

O espaço

O espaço é grande, mas descontraído. No centro da sala já um balcão em “u”, com 16 lugares, que apela ao convívio. Também há um pequeno balcão junto à parede e duas mesas à janela.

Frade Decoracao

Uma parede de azulejo hidráulico emoldura a entrada para a cozinha. A iluminação destaca as fotografias XL das talhas em barro, complementadas por pormenores do antigamente: um balcão em mármore, pratos em metal e em barro, copos de taberna e um rádio vintage.